segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Retrato da vida.

Leitor e Leitora,

Eu digo que a vida é curta, que não tenho tempo para se quer abraçar um amigo. A verdade é que não sou uma boa mordomo do meu tempo. Afinal quanto tempo eu preciso para beijar meu namorado? Quanto tempo é necessário para estudar? E quantos minutos eu lavarei para completar uma caminhada? O tempo não se resume a contagem no relógio, mas, a intensidade. Já parou para pensar que 5 minutos beijando o teu namorado antes de viajar para ficar 10 dias longe dele, pode valer muito? Ou que caminhar 10 minutos ao lado da tua avó ouvindo uma história incrível pode ser fantástico? Ou ficar 2 horas assistindo uma palestra pode ser uma "perda de tempo"? Eu costumo contar o tempo pela sua duração, mas por que não contá-lo pela intensidade? Não posso depender dos minutos para ser feliz, para realizar os meus sonhos e objetivos. Mas, eu dependo do tempo. E, que tempo? Do tempo-intensidade. Isso, talvez, explique o motivo de um relacionamento de tantos anos não ser tão bom quanto um novo de alguns meses, porque o tempo ficou como um retrato do fato, e não como uma lembrança do amor. Se eu tenho 2 horas que me restam do dia inteiro de labuta pela vida, eu devo abraçar nem que seja por 2 minutos, beijar por 5 minutos, dizer "eu te amo" para os mais próximo a mim mesmo que por 1 minuto. Não posso impedir que as horas passem, tão rápido como passam. Mas, posso impedir a perda de tempo, a perda de oportunidade e de intensidade. Não vou deixar que eu fique apenas com um retrato da vida, nas mãos, chorando o que passou. Mas, uma lembrança gostosa do tempo que eu aproveitei. Os nossos anos de vida são limitados pelas horas, dias e anos. Mas, o nosso TEMPO na vida  JAMAIS é limitado. Eu quando nasci tive meu tempo, adolescente tive o meu tempo, jovem tenho o meu tempo, quando velha terei todo o tempo e quando morrer terei um tempo eterno. E serei uma lembrança pelos olhos, pelos gestos, pelas palavras, pelos beijos, pelo calor... E não, apenas um retrato!

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Quase.

Para começar, um belo texto:

Ainda pior que a convicção do não é a incerteza do talvez, é a desilusão de um quase.
É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.
Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou.
Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.
Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto.
A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados.
A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai.
Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são.
Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.
O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.
Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém, preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.
Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo.
De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma.
Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.
Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar.
Desconfie do destino e acredite em você.
Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.

De: Embora Luis Fernando Veríssimo tenha publicado como dele, a verdadeira autora é  Sarah Westphal.