domingo, 17 de julho de 2011

Lugar de memória... MEU MAR.

Fazia tempo que não navegava. Há uns dias atrás, dia 09.07.2011, num sábado perfeito, um céu aberto, azulado, sem nuvens e o sol posando, de bom grado, para quem usurfruia de sua luz, eu e demais colegas da faculdade navegamos (pela Marinha)  às ilhas de Ratones e Anhatomirim. Lugares maravilhosos, fortes históricos e tudo mais. Eu poderia me encontrar e ficar perplexamente encantada com tudo que vi, mas, apesar de toda essa beleza algo singular me prendeu e me fez achar o meu espaço, reencontrei um dos meus lugares de memória e de paz, O MAR, isso mesmo, lindo mar.
Enquanto navegávamos, de volta pra casa, meus olhos não conseguiam se fixar em outra coisa se não no mar. Sempre que lembro da minha infância um sentimento de incômodo me vem, não gosto, mas, naquele dia lembrar a minha infância, no mar, só me trouxe paz. "Que texto nostálgico Cris!" Você pode pensar.  É verdade mas, não é habitual, viu? Por isso aproveite. rsrs
Enquanto velejávamos (1h30 de viagem) eu lembrava dos meus avós paternos e maternos que viveram bom tempo da pesca, assim como "típicos nativos". Com 5 ou 6 anos de idade eu já aprendia a nadar com meu pai, minha infância inteira, praticamente, foi na praia. Papinhas? Frutinhas? NAN? Mucilon? O que era isso? Minha alimentação era mamadeira de farinha de mandioca, pirão d'água com peixe e desde os 7 anos nunca precisei de adultos para "catar espinhas de peixe" para eu comer, eu mesmo o fazia, e melhor que minha mãe (até hoje pego no pé dela). Andei de bote, de lancha, de caiaque, barco, more; entrei em mar grosso, mar manso, mar raso, mar cheio. Perdi meu avô materno no mar, num acidente dramático entre as ilhas Três Irmãs e Moleques do Sul. Boa parte da minha infância acampei em algumas praias . Vi grandes pescadas, pequenas pescadas, tarrafeei (aliás, adoro tarrafear), observei meus avós remendarem redes, lançarem redes tão redondas quanto os bolinhos de berbigão da minha avó. Meu avô materno lançava de costas, acreditam? De costas! Era incrível.
E eu lá, voltando da ilha de Anhatomirim para casa, observando o mar. Podia ver um filme naquela água verde. Há tanto tempo eu não sentia o balanço do mar, o seu cheiro, o seu som a sua música. Me anestesiava! Uma sensação tão gostosa, como se todos os melhores momentos do meu passado infanto juvenil viessem todos juntos através daquele vento que tocava meu rosto. E mesmo que eu fechasse os olhos, a canção que as ondas entoavam, o cheiro do mar que o vento trazia me transferia para o gosto do peixe recém pescado frito, as mãos do meu recentemente falecido avô paterno no meu rostinho, minhas bochechas sujinhas de farinha por conta do pirão, sentia o sacudir do peixe no meu peito (quando eu ajudava a retirar os peixes da rede, recém pescados ainda vivos e se batendo, eu abraçava-os no colo para não deixar fugir até chegar ao balde). Puxa vida! Que gostoso. Obrigada DEUS, obrigada meu Deus e obrigada MAR, meu mar. Obrigada por me fazer lembrar disso, da minha origem, do meu lugar de memória, da minha história. Por isso hoje posso escrever no meu blog, e compartilhar com meus amigos esse meu momento nostálgico.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

O Barulho da Negociação Coletiva

"Prefiro o barulho da imprensa ao silêncio da ditadura", disse a nossa presidente Dilma Rousseff, em seu primeiro discurso como eleita, em outubro de 2010.
Um parêntese de início; infelizmente a imprensa, não a sua generalidade, tem se submetido à manipulação superior. Santa Catarina é um dos estados no qual a mídia é terrivelmente e politicamente manipulada, onde apenas uma família detém mais da metade dos meios de comunicação no estado, influenciando assim a mentalidade do povo, ou, de um povo sem opiniões concretas. Afinal, o barulho (qual?) da imprensa é apenas um meio de alcançar maior audiência ou é também a voz do povo, do trabalhador? Embora a provocação, e aqui fecho o parêntese, o que me convém discutir não é, exatamente, a briga por audiência de uma ou outra emissora, mas, o barulho em questão, atribuído a classe trabalhadora. O barulho nessa situação quer dizer a liberdade de expressão, a manifestação contrária (geralmente), a liberdade de exigência, de reclamação e de cobrança.
Nos anos que percorreram a ditadura houve um silêncio forçado, uma tentativa de calar a voz dos manifestantes, especialmente no ano de 1968 em que muitas pessoas morreram tentando fazer “barulho” (alcançar direitos trabalhistas, de voto, de escolha e em geral), jovens, trabalhadores, professores, estudantes, verdadeiros militantes, e por causa deles, não só deles, hoje temos a liberdade que temos. Um veículo muito comum de manifestação dos trabalhadores, além da greve, é o Sindicato na (desde há muito tempo) Negociação Coletiva.
Com base no SAS-DIEESE, (Sistema de Acompanhamento de Salários que registra informações sobre os reajustes salariais negociados por diversas categorias profissionais no Brasil, através da coleta dos dados nos acordos e convenções coletivas de trabalho, enviados ao DIEESE, por entidades sócias e nos documentos cadastrados no Sistema de Acompanhamento de Convenções Coletivas, bem como no noticiário veiculado, nos principais jornais impressos ou virtuais da grande mídia e da imprensa sindical), o DIEESE lançou nesse mês de março o Balanço das Negociações 2010 mostrando, a nível nacional, muitos reajustes alcançados, e ainda alguns, igual ou a cima da inflação. Das negociações realizadas em Santa Catarina, o estado obteve 92,7 %, dos reajustes firmados, à cima do INPC, excelente resultado e superando o resultado nacional, que foi de 88,6% os reajustes à cima da inflação.
A pauta das Negociações Coletivas, embora seja o objetivo principal, não se resume a reajustes salariais, mas, vale alimentação, plano de saúde, jornada de trabalho entre outros direitos. Assim como é preciso uma imprensa livre, combativa, qualificada, democrática, e não nos moldes que hoje temos, o sindicato deve assumir seu papel de informar para contribuir com as negociações, e me refiro à comunicação com os trabalhadores e interessados através de informativos, sites, jornais entre outros. Acompanhar uma negociação, na própria mesa, é como uma batalha que precisa de fatos comprovadores, persuasão, coragem e determinação. O sindicato, pelos trabalhadores, deve encarar a “intimação ao silêncio” da empresa, sendo assim prefiro o barulho dos trabalhadores ao silêncio dos empresários.

Texto publicado no Jornal DESPERTA, do STI químicas de Jaraguá do Sul em Março de 2011.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Abra os olhos, cidadão!

Há pouco tempo ouvi um "cidadão" dizer: "Não votei na Dilma porque ela é mulher, e mulher não tem que mandar em nada.", eu chamei-o de machista e ele retrucou: "Tanto faz, eu não entendo nada de política e nem quero entender. Dane-se isso tudo! Nem sei o que é direita ou esquerda!", finalizei chamando-o de ignorante, literalmente ignorante.
Não venho, através deste texto, discutir política. Afinal, a Dilma já está lá e me resta desejar sorte, pois o cargo que ela ocupa não é qualquer brincadeira e muito menos um "simples" gabinete. O meu foco direciona-se ao cidadão que citei.
O que faz um jovem, em seus perfeitos 20 anos, pensar: "Dane-se tudo isso!"? A culpa é de quem, afinal? E aí desenrola-se uma longa história; quem forma o cidadão?
As pessoas não nascem com opiniões formadas. Elas as constroem ao longo do tempo com contribuição da conjuntura em que vivem.
Esse "cidadão" do meu texto não é de renda baixa, morador de favela ou um indivíduo que passa fome, que precisa sacrificar sua vida para poder comer. Ele é de classe média alta, estuda num colégio particular, seu interesse é em sexo e balada.
Onde eu quero chegar?
Quero chegar numa conclusão pessoal que pessoas ignorantes o são porque querem. Ou seja, a pessoa é capaz de aprender a ser cidadão, é capaz de pensar por si, de ter suas próprias conclusões. Informação é o que não falta (Aliás, sobeja. Em excesso eu diria.). A internet está aí (será que dá para usar a internet além-facebook?), os portais de notícias (mesmo que cada um com suas correntes ideológicas, e isso é bom. Identifique-se com alguma, mas, leia todas, não seja manipulado), os blogs, revistas, fóruns, mídia, etc.
Ah, os pais são responsáveis e a escola também.
"Ok, os pais são mesmo! Mas, a escola?"
É, isso mesmo meu querido! Porque não se pode discutir dentro de sala de aula a  Ética e Cidadania? Não falo uma conversão à X partido, ou a Y religião. Falo de ideias! A escola, na minha opinião, deve ensinar o que é uma ideia de esquerda, de direita de centro, o que é ser socialista, marxista, comunista, capitalista. E então cada ouvinte se conheceria, acharia seu lugar e não acreditaria em tudo que leem ou ouvem. E aí entra o último responsável, a própria pessoa.
Não consigo assimilar a ideia do "colega" do meu texto de hoje. Se o camarada diz que "mulher não manda em nada" e "pouco me interessa a política" ele não é digno de ser chamado cidadão. É falta de interesse, é covardia, é preguiça, é desrespeito é o "perfeito" machista idiota.
Você é capaz de pensar, todos são capazes de raciocinar, todos têm o direito de opinar, de protestar, de lutar.
Se temos reajustes salariais, reajustes de IR, programas beneficentes, ou se conseguem tirar um Ditador depois de anos no poder, isso tudo é fruto de pessoas que pensam, de preocupados com seu futuro, de verdadeiros cidadãos.
Não podemos ficar parados, ouvindo "boyzinho" dizer: "Dane-se tudo isso!", ou vendo tantas pessoas sem opiniões.
Não dá pra mudar o passado, o começo, mas dá pra mudar o final.
Quem diria que o pequeno e pobre Luiz Inácio seria presidente do Brasil? Quem diria que o negro Barack Obama seria presidente do Estados Unidos? Quem diria que Pelé seria o Rei do Futebol?... Em fim, pare e preste atenção. Cuidado com as crianças que estão ao seu redor, você pode estar ensinando, influenciando, auxiliando na formação de opiniões, olhando ou criticando um Escritor, Um Médico, Um Advogado ou UM PRESIDENTE!

domingo, 2 de janeiro de 2011

Quando a morte nos surpreende.


Eu tenho um hábito de, por vezes, olhar para trás e relembrar meus atos, minhas conquistas e até meus erros, alguns deles eu tenho possibilidades de arrumar, de refazer aquilo que está errado, de pedir perdão a quem eu guardei alguma mágoa, de dizer que amo a quem eu não disse muitas vezes, de dizer obrigada a quem me estendeu a mão, de orar... Em fim, eu posso consertá-los.
Agora, estou indo para um velório. Meu primo de 20 anos teve a coragem e a covardia egoísta (contraditório não?) de tirar sua própria vida. E agora? Por fazer esse meu ato introspectivo acabo me culpando por não abraçá-lo mais, não perceber a tendência suicída, por não perguntar e vê-lo mais... Eu sei, todos sabemos, que não posso me culpar, e muito menos me julgar. Afinal foi uma escolha dele. Uma opção. A escolha mais errada que ele já pode fazer, irreversível e incorrigível.
Então leitor e leitora, pare nesse instante e pense. A quem você deve perdão? Já disse "eu te amo" para alguém, hoje? Amanhã pode ser tarde! Percebes algum próximo triste? Ele está distante? O abrace, procure ajudar, seja útil. Não traia, jamais traia!
E por fim, cuidado com suas escolhas. Algumas delas podem ser INCORRIGÍVEIS.