quinta-feira, 14 de abril de 2011

O Barulho da Negociação Coletiva

"Prefiro o barulho da imprensa ao silêncio da ditadura", disse a nossa presidente Dilma Rousseff, em seu primeiro discurso como eleita, em outubro de 2010.
Um parêntese de início; infelizmente a imprensa, não a sua generalidade, tem se submetido à manipulação superior. Santa Catarina é um dos estados no qual a mídia é terrivelmente e politicamente manipulada, onde apenas uma família detém mais da metade dos meios de comunicação no estado, influenciando assim a mentalidade do povo, ou, de um povo sem opiniões concretas. Afinal, o barulho (qual?) da imprensa é apenas um meio de alcançar maior audiência ou é também a voz do povo, do trabalhador? Embora a provocação, e aqui fecho o parêntese, o que me convém discutir não é, exatamente, a briga por audiência de uma ou outra emissora, mas, o barulho em questão, atribuído a classe trabalhadora. O barulho nessa situação quer dizer a liberdade de expressão, a manifestação contrária (geralmente), a liberdade de exigência, de reclamação e de cobrança.
Nos anos que percorreram a ditadura houve um silêncio forçado, uma tentativa de calar a voz dos manifestantes, especialmente no ano de 1968 em que muitas pessoas morreram tentando fazer “barulho” (alcançar direitos trabalhistas, de voto, de escolha e em geral), jovens, trabalhadores, professores, estudantes, verdadeiros militantes, e por causa deles, não só deles, hoje temos a liberdade que temos. Um veículo muito comum de manifestação dos trabalhadores, além da greve, é o Sindicato na (desde há muito tempo) Negociação Coletiva.
Com base no SAS-DIEESE, (Sistema de Acompanhamento de Salários que registra informações sobre os reajustes salariais negociados por diversas categorias profissionais no Brasil, através da coleta dos dados nos acordos e convenções coletivas de trabalho, enviados ao DIEESE, por entidades sócias e nos documentos cadastrados no Sistema de Acompanhamento de Convenções Coletivas, bem como no noticiário veiculado, nos principais jornais impressos ou virtuais da grande mídia e da imprensa sindical), o DIEESE lançou nesse mês de março o Balanço das Negociações 2010 mostrando, a nível nacional, muitos reajustes alcançados, e ainda alguns, igual ou a cima da inflação. Das negociações realizadas em Santa Catarina, o estado obteve 92,7 %, dos reajustes firmados, à cima do INPC, excelente resultado e superando o resultado nacional, que foi de 88,6% os reajustes à cima da inflação.
A pauta das Negociações Coletivas, embora seja o objetivo principal, não se resume a reajustes salariais, mas, vale alimentação, plano de saúde, jornada de trabalho entre outros direitos. Assim como é preciso uma imprensa livre, combativa, qualificada, democrática, e não nos moldes que hoje temos, o sindicato deve assumir seu papel de informar para contribuir com as negociações, e me refiro à comunicação com os trabalhadores e interessados através de informativos, sites, jornais entre outros. Acompanhar uma negociação, na própria mesa, é como uma batalha que precisa de fatos comprovadores, persuasão, coragem e determinação. O sindicato, pelos trabalhadores, deve encarar a “intimação ao silêncio” da empresa, sendo assim prefiro o barulho dos trabalhadores ao silêncio dos empresários.

Texto publicado no Jornal DESPERTA, do STI químicas de Jaraguá do Sul em Março de 2011.