terça-feira, 9 de julho de 2013

INTERPRETE-ME.


   
Olá gente bonita, cá estou nessa tarde chuvosa e fria de 09 de Julho, estou querendo o que quis Djavan em "Nenhum dia": "Um dia frio, um bom lugar pra ler um livro...". Tirei uns minutos do meu serviço (arejar a mente né?) e resolvi escrever algo para vocês.
   Eu li uma frase hoje no Facebook (até compartilhei, rs) que dizia: "Livro é tão bom que deveria ser até elogio. Tipo: Você é tão... livro!". Eu conversava com minha amiga (e pastora) sobre a frase e ela me inspirou a escrever algo. 
   Para os leitores de plantão e amantes dos livros é uma bela frase né? Tão fofa! Mas, "livro" não poderia ser elogio, pois ele é ambíguo, como nós. Explico! (Ah gente, estou falando do livro como "objeto livro" e não sobre algum livro específico.)
   Você tem mais em comum com um livro que imagina sabia? Não despreze-o.
  Assim como um livro nós temos uma capa (uma pena que muitas pessoas nos julguem por ela), alguns são românticos, outros trágicos, conceituais, didáticos, ilustrados, de ajuda, reflexivos, grandes, pequenos, envelhecidos, novos, cheirosos ou não, uns famosos, outros quase anônimos, tem os que nos prendem, os que nos cansam, aqueles com pouco; com muito ou sem conteúdo; etc, etc e etc. 
   As pessoas têm um relacionamento com os livros muito interessante (assim como umas com as outras), algumas leem apenas os que lhes convém, outras leem de tudo pois querem conhecer tudo quanto desejam, há aquelas que tem livros para decoração (Ah, aquela estante da sala com um espaço vazio! É, livros ficam bem lá - Que trágico, mas, existe.), há pessoas que têm livros como manual de vida (como a Bíblia por exemplo, aliás, recomendo. É um livro fantástico! E nos traz muita coisa boa se soubermos interpretá-lo.), há quem ame-os tanto ao ponto de jamais deixá-los, vendê-los ou trocá-los, alguns, porém, não se apegam e largam deles sem maiores remorsos (Imagina, eu não largo. Há uns meses atrás, eu estava lendo o meu livro "Os Cães Baskerville" do Conan Doyle que comprei no SEBO, num dia de muuuita chuva eu deixei esse meu livro cair numa poça d'água antes de entrar no ônibus. Quando o ônibus partiu que eu senti a ausência do livro, na mesma hora eu gritei: "Aaai não, para motorista, eu preciso desembarcar, meu livro, meu livro". Ele ficou me olhando sério, abriu a porta da frente - eu ainda não tinha passado a catraca - saí correndo na chuva mesmo e quando cheguei na bendita poça ele estava lá, molhado, caído e triste. Eu o peguei e pedi mil desculpas - a mulher que estava parada próximo a mim ficou olhando sério e eu disse: "Ah é meu livro, deixei ele cair aqui na poça, que trágico". Ela só sorriu. Cheguei na casa de  um amigo meu, naquele dia, e pedi o secador de cabelo da irmã dele, fui secando cada parte molhada e depois coloquei debaixo de uma coisa pesada para ele voltar a ficar retinho... rsrsrs Enfim, deu tudo certo! Não ficou manchado, rasgado ou danificado. Mas, meu coração ficou em pedacinhos quando o vi na poça. E isso que era de SEBO rsrs).
   Mas enfim, é claro que não devemos tratar pessoas como livros, a minha "reflexão" é por outro viés (até porque as coisas foram feitas para serem usadas e as pessoas amadas, embora haja sempre os que amam as coisas e usam as pessoas.), eu me refiro ao significado que um livro tem e que pode ser muito parecido com o nosso significado. Quem nunca ouviu a expressão "Sou um livro aberto", querendo dizer: Tudo o que sou está exposto. Eu, por outro lado, digo que sou um Livro Fechado, não me avaliem pela capa, me segurem, me abracem, me abram, me leiam, mas, leiam todas as palavras, me decifrem, me interpretem. Eu vou amar. Quando você estiver numa biblioteca (lugar com muitas pessoas), observe os livros (pessoas), o jeito deles, os títulos (assim como buscamos alguns livros específicos porque dominamos o tema, ou porque queremos conhecer, também buscamos pessoas que se identifiquem conosco, as quais queremos conhecer e aprender), a quantidade, as qualidades, os gêneros... É normal que haja os clássicos, os desconhecidos, os marginalizados, os excêntricos, mas, lembre-se sempre: Não despreze-os. Conheça-os!
   Ler não é "só para quem estuda", ler é para todos. Ler melhora sua fala, sua escrita, seu conhecimento, seu intelecto, sua memória, sua lucidez... O mesmo efeito tem ao conhecer pessoas!
   Conheça livros, tenha pessoas!

Ps.: A divergência: Livros se compram, pessoas se conquistam. :)

sexta-feira, 5 de julho de 2013

A dita Dura!

   Aos que são adeptos a "nova ARENA", que sentem "saudades"da Ditadura Militar e blá blá blá... Sugiro a leitura de um livro:

"CÃES DE GUARDA - JORNALISTAS E CENSORES: DO AI-5 À CONSTITUIÇÃO DE 1988" da autora Beatriz Kushnir:


   Aqui deixo um fragmento, apenas:


   "Na noite do dia 20 de julho de 1971, sua mãe recebeu um telefonema de um delegado do Deops, em Santos, comunicando o assassinato do filho¹. Foi informada de que Merlino se teria jogado embaixo de um carro na B-116, na altura da cidade de Jacupiranga. Na versão oficial, ele tentava fugir enquanto era levado a Porto Alegre para "entregar companheiros". Na realidade, Merlino foi retirado de sua casa, em Santos, cinco dias antes, por pessoas que no início se diziam amigos e, minutos depois, instalaram o terror no local. ... Levado para Oban, na rua Tutoia, foi torturado por 24 horas e deixado em uma cela solitária. Seu estado de fraqueza agravou as fortes dores nas pernas, fruto do tempo de permanência no "pau de arara".Sem cuidados médicos, mesmo depois da queixa de companheiros, Merlino sofreu de uma gangrena generalizada, vindo a falecer no dia 19." (P.248 e 249)


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¹ Luís Eduardo da Rocha Merlino: Estudante de História na Universidade de São Paulo, esteve presente nos movimentos de 1968. Participou da manifestação diante do Tribunal Militar de São Paulo, contra a prisão de jornalistas. Estava presente no XXX Congresso da UNE em Ibiúna, em setembro de 1968, fazendo a cobertura jornalística para a "Folha da Tarde". Sua qualidade de jornalista permitiu ser ele um dos poucos presentes que não foram presos; assim sendo pôde trazer recados e informar o que realmente havia acontecido. Nessa época já havia ingressado no Partido Operário Comunista (POC).